Eu quis morrer e me matei. Perdi a fé e ela me encontrou.

Sabe aquela frase clichê: "Quando você pensa que tá tudo ruim, pode piorar"?

Apois.

Hoje estou aqui sentada numa livraria, escrevendo e chorando, por causa de tantas lembranças. Meu Deus, como tudo doeu tanto. Eu quis morrer e eu me matei. Eu não tive forças para ressuscitar. Eu tô morta e percebi que uma parte de mim sobreviveu. Eu não sabia, até precisar de mim pra respirar. 

Uma sequência dolorosa de abandonos, rejeições, acusações devastadoras. Eu não pude me defender. Até hoje não posso - também nem quero mais.

Eu perdi a minha fé e ela me encontrou. A fé não desistiu de mim. 

Duvidaram da minha índole, da minha fé, das minhas crenças. Caluniaram, impuseram o silêncio. Me ameaçaram, me expuseram, me deixaram só, me trocaram, mostraram que trocaram... 

Eu me abandonei no meio disso tudo. Eu quase acreditei nesse monstro que me pintaram e crucificaram. 

Doeu! Dói! 

Eu queria morrer e eu me matei.

Eu não desejo a nenhum desses, o que eu passei. 

Ainda dói e eu aprendi a conviver com esse sentir. 

Talvez, eu tivesse que aprender algo carmico sobre abandono e rejeição. 

Eu quis morrer e me matei. Perdi minha fé e ela me encontrou. 

Hoje, quem vos fala é o renascimento do meu suicídio. 

É a minha versão entre os escombros de um monte de lixo jogado em mim. 

O exemplo de uma saudade que perdeu a validade e apodreceu. O estampido de um silêncio ensurdecedor. O corpo de uma artista que não teve a oportunidade de gritar num espaço, mas ecoa pro mundo. 

Eu fui abandonada, rejeitada, perseguida e exposta por eu ser de verdade. 

As pessoas não gostam de verdades. 

"Por isso que você está só" 

Primeiro: eu não estou só. 

Segundo: prefiro estar só, a ter que me submeter a um jogo imundo e egoísta de uma juventude sem escrúpulos e mimada. Jovens que magoam sem culpa.

Em que mundo estamos? 

Aquela Nana queria morrer e eu a matei para que eu pudesse vir.