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Recomeço, Ano 1

Passei muitos dias pensando como seria mudar. Mudar induzidamente forçada. Percebi inúmeras inquietações. O quanto de cicatrizes não cabiam mais serem lembradas. Mas, Voila!! Como podemos deixar pra trás, o que nos fazem ser o que somos hoje?

O ano é 2016.


O ano que tudo mudou.

A fase extremamente importante para minha sanidade. Me tornei e me reconheci feminista. Que magnífico, né?
Um emprego novo, pessoas novas, vivências restabelecidas. Depois de uma escolha feita sem consciência, tudo mudou. Por quê simplesmente ouvi minha intuição, ouvi o que meu coração gritava.
Eu sentia meu corpo ecoar por mudança. Mudei.
Mudei de cabelo, por que dentro de mim, tudo estava diferente e a capa que protege meu espírito, também precisava mudar. Então, depois de 23 anos com os cabelos naturais e preto, eu resolvi ser loira. Rsrsrs. Foi a realização de um grande desejo, me senti realizada e uma mulher mais atraente. Atraente pra mim, para os meus e para o mundo. E a partir daí, comecei também a atrair tudo que eu queria pra minha vida.
Estava estudando, me graduando em educação física.
Estava começando a conhecer o mundo universitário, tendo uma outra visão de mundo, de liberdade. Que fase incrível, porém não sinto falta, não sinto por que não costumo querer voltar e viver todas as lembranças, então, o que eu sinto é só gratidão e vagas lembranças.
Nessa época, eu amei um homem, eu tive crises intensas de ansiedade e pânico, por me permitir ser usada pela ingenuidade. Me faltava certeza em mim.
Me permiti viver uma dor revestida em declarações escondidas, difamações, solidão, desprezo e principalmente falta de amor próprio.
Eu vivi uma época em que minha " Capa atraente" me colocou em maus bocados. Num falso amor e uma difamação maldosa, sem poder sequer, ter defesa.
Nem eu me defendia, eu me afundava ainda mais, eu me maltratava pra ver se a culpa seria paga. E quando cheguei no fundo do poço, depois de ter julgado minha situação toda, por causa da minha aparência, eu percebi o quanto eu me perdi de mim e o quanto pedacinhos de mim, se espalharam, ficando na mão de cada um que me mostrou o quanto a ingenuidade de ter um coração bom, é um grande espaço pra você magoar o outro. Que mesquinho, né?!
Não, não teve só coisas ruins, teve um auto conhecimento gigante, e eu me orgulho de Janaína loira, que mulher do Caralho, eu fui.
Em 2017 e 2018 eu consegui me formar, dar entrada no meu apartamento, que foi dado à minha mãe. E o grande ponto da melhor parte desses anos loira, é que mesmo passando por processos de depressão, crises de pânico e ansiedade, eu finalizei minha faculdade e comprei meu imóvel. Cara, como eu consegui passar por tudo isso e ter tantas conquistas?
Hoje eu consigo responder: Perseverança!
Por quê, por mais que parecesse o contrário, eu continuei avante e não desisti de mim. Me tornei até terapeuta, olha que legal ?!
Hoje eu sou Reikiana há 2 anos. Foi o que me ajudou a ressignificar e continuar sempre.

O ano é 2019

O ano que passei o reveillon 2018/2019 de verde, na esperança de encontrar um amor verdadeiro. Foi muito divertido, sabia?
Em fevereiro, eu conheci uma pessoa que me fez ter certeza que o amor próprio tem que prevalecer. Foi uma experiência suja, amarga, abusadora, imunda, sem escrúpulos e totalmente sem maturidade. Uma das experiências mais asquerosas que já tive. Só que antes de acontecer tudo isso, eu cortei o cabelo no pescoço e pintei de vermelho fogo. É! Foi uma escolha muito assertiva, mudei de fase, conheci um novo mundo. O mundo da atitude, do falar o que quiser, do gostar do que quiser, do que tolerar e partindo desses princípios, não tolerei mais um relacionamento abusivo, nem do parceiro e nem de todos ao meu redor.
Assim, fui me reestabelencendo como ser humano forte e resistente. Ganhei reconhecimento próprio, reconhecimento da pessoa que me tornei por dentro e publicamente.
Ganhei um concurso de dança, Hahahah, sim!!! Importante falar sobre isso , por que não por ser o primeiro, mas por que eu senti que ali, naquele momento, muita coisa se confirmou dentro de mim, nas pessoas que um dia duvidaram de mim, da minha potência e me fizeram acreditar nisso.
Sou muito grata a 2019, muito mesmo, mas não sinto falta.

O ano é 2020.
O grande ano.

Porém, vamos falar de um mês de 2019, o mês de setembro. 29 de setembro, especificamente.
Reencontrei energeticamente, um ser humano que abraçou e beijou todas as minhas cicatrizes, sem pretensões, sem rótulos ou maldade. Só esteve e está até hoje, me mostrando vários caminhos e formas de ver a vida. Que sorte a minha.
Então, foi um início de ano empolgante. Com a esperança que iria continuar na onda de aproveitamento da fase do auto amor e reconhecimento. Mas aí vem na mente: Esse é meu ano pessoal 1, como vou começar algo novo? Tantos impedimentos financeiros, eu queria estudar, queria fazer muita coisa, mas eu não tinha noção de como iria ser ou começar.
Aí, o que Deus fez?
COVID-19!
Quarentena: um tempo essencial de pensar, como irei fazer alguma coisa, daqui pra frente.
4 meses confinada, com surtos, sorrisos, 300 meditações, terapias, brigas, descobertas, MEU DEUS!
Inúmeras inquietações, que estive a ponto de enlouquecer. E foi exatamente nesse momento, que senti a necessidade de reescrever uma história. De renascer e me sentir mais minha, de ter convicções absurdas, de querer apalpar um sonho que só existe no papel.
Foi aí que eu percebi que o mundo precisou parar, para todos perceberem a importância da nova década. E eu estou nessa onda. E pra começar algo novo, precisamos curar o passado e deixá-lo ir. Ou seja, hora de mudar a capa que protege meu espírito.
Mas dessa vez, eu preferi me rever como a Janaína de nascença, de cabelo natural, me permitindo ser o que as cicatrizes e as experiências me permitiu viver.
O vermelho foi embora, o os excessos foram cortados, ficando somente o essencial: eu mesma.
Repaginada, reamada, restabelecida, restaurada.
E agora, de cabelo curto, eu renasço para minha nova história, minha nova década.
Seja bem vindo 2021.
Janaína voltou

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