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Um resguardo diferente.

Eu já passei por vários resguardos religiosos, mas esse tá sendo o mais dificil de todos. 
Estou há quase 3 meses, seguindo á risca, todos os cuidados para me manter no caminho do meu destino.

Não tá sendo fácil. 
Está no finalzinho dos dias em reclusão, de algumas coisas mundanas e tudo está mais explicito. 

É sabido que, existe muito preconceito e muita intolerância religiosa, porém, tem uma atitude que é muito pior do que qualquer reação que é externalizada: O olhar! 

Muitos acham que não dizer uma palavra, é se prevenir das cobranças da vida, mas nossos olhos são a porta da alma. 

-Mas Nana, você já não deveria está acostumada?
 
Tá, me diga quem acha confortável continuar no meio de uma dor? 
NÃO EXISTE ISSO. Não irei me conformar com a maldade humana. 

Eu não bato de frente, mas aceitar e me conformar? É pedir demais. Eu tô exausta de ter que dá um sorriso sem graça, para cada olhar de repúdio e nojo que recebo, só porque eu tô com meu pano cobrindo meu Ori. 
Eu tô cansada de dar boa tarde para minhas colegas de trabalho e elas não responderem, mas me olharem de cima a baixo, como se eu fosse um monstro. Tô cansada de sentir que estou incomodando alguém pela minha existência e calma, não precisa me dizer que ninguém tem alguma coisa a ver com minha vida. 
Eu sei que não tem. Obrigada de antemão, por tentar me acolher. Mas, isso aqui é um desabafo do fundo do meu coração, por não suportar e nem aceitar a razão de tamanho maltrato.

Eu sei que eu não mereço isso, agradeço todos os dias pelo meu trabalho e eu sei que faço a diferença de alguma forma. Mas eu também faço meus pedidos, para que tudo se transforme rapidamente do lado de fora ou dentro de mim. É muito ruim, você está coberta de fé e iluminação divina e os outros te olharem como abominação de Deus. 
É um trabalho árduo de autocontrole e fé. 

Talvez, eu só esteja conseguindo enxergar, depois dessa obrigação, quem realmente são as pessoas que convivem comigo. Sejam elas boas ou ruins. E é obvio que, quem tá de fora, sempre vai ter uma solução magica para passar por tudo isso, mas eu tenho certeza que ao colocar um ojá na cabeça, tudo muda de valor. E esse desabafo que estou fazendo, teriam muitas histórias diferentes. 

Ser do candomblé no Brasil, principalmente em lugares que não tem conhecimento sobre o assunto, é um sofrimento. Só quem sustenta é Deus e Orixá. 
E, por meio deste, agradeço a meu pai Omolu e minha mãe Oxum, por me manterem firme e com palavras doces.

 Adupé, Orixá!

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